quarta-feira, 28 de maio de 2008

Entrevista especial com Fabrício Carvalho, jogador do Goiás

Reportagem Rodrigo Figliola


Após aparecer com grande sucesso pelo São Caetano, sendo Campeão Paulista de 2004 e artilheiro da equipe, Fabrício Carvalho, 27 anos, viveu um grande drama em sua vida quando os médicos do HCor constataram um problema cardíaco e o proibiram de atuar. Fabrício ficou parado por um bom tempo buscando respostas do que realmente estava acontecendo com seu coração. Evangélico, ele nunca perdeu a esperança e hoje deu a volta por cima e voltou a jogar pelo Goiás.

Em conversa, o jogador comenta sobre seu início de carreira, quando teve passagens pelo Uruguai e Portugal; explica tudo que aconteceu nesse momento complicado de sua vida, enaltecendo o trabalho do medico e amigo o Dr. Benny Schmidt que bancou sua liberação para jogar; e revela o sonho de jogar pela Seleção Brasileira, inclusive dizendo que esse “milagre” vai se concretizar e que nós podemos cobrá-lo:


1)Você nasceu em Andradina e começou a jogar futebol por lá. Como foi seu início para o futebol?

Eu comecei jogar em escolinhas na minha cidade, como a Escolinha de futebol do GRECAN, do treinador Waldemar Garcia, onde comecei com 9 anos de idade, e outras como a CECAM e a FEMA, onde tive o Roberto e Popó como meus primeiros treinadores. Como todo inicio de um atleta sonhador não foi nada fácil. Aos 15 anos de idade já comecei a fazer minhas aventuras: fui fazer uma avaliação no União Sao João, de Araras. Fiquei muito nervoso e não pude desempenhar um bom futebol. A timidez falou mais alto no inicio da minha carreira e acabei não passando nesse teste e em outros que fiz em clubes como Ferroviária, de Araraquara, o Nacional, de São Paulo, o Guarani, onde fui por duas vezes, a Portuguesa, o Corinthians e o São Paulo.

Depois disso, aos 18 anos, comecei a jogar como profissional em Andradina. Joguei por dois anos, entre 96 e 97. Foi uma experiência boa já começar a jogar profissionalmente com uma baixa idade. Tive a oportunidade depois de ir fazer mais um teste no São Paulo cujo clube tem uma estrutura maravilhosa na categoria de base. Cheguei quase em cima da Copa São Paulo e naquela época o treinador era o Silva, que inclusive está no clube até hoje. Ele me aprovou, só que de ultima hora um dirigente acabou me tirando. Eu seria o 25 jogador a ser escrito na Copa mas não aconteceu. Para o meu consolo, o treinador me disse que eu voltaria para a disputa do campeonato de Aspirantes. Na hora eu pensei que ele estava falando aquilo somente pra me consolar mas me enganei. O Silva me ligou, mas não para ir pro São Paulo e sim para o Uruguai. Ele me disse que o Pablo Forlan, antigo jogador do São Paulo, é seu amigo e havia pedido um atacante para o Defensor Sporting.

2)E como foi essa passagem pelo Uruguai?

Foi uma grande alegria ter a oportunidade de ir para outro país. Fui junto com um outro jogador, o Mateus Madruga. Sofremos bastante por lá, primeiro com a língua, que foi um grande adversário no inicio, depois porque não passamos no teste do Defensor. Acabamos acertando com o Villa Espanhola, um clube inexpressivo do Uruguai. O primeiro ano foi terrível, sem receber, vivendo quase de favor na casa na família de um jogador do clube, a família Araújo, com quem tenho contato até hoje. Sou realmente muito grato. Se não fosse por eles eu teria passado muita dificuldade.

Só fui ter uma oportunidade no profissional no ultimo jogo devido à suspensão do atacante titular. Acabei figurando pelo menos entre os convocados, porém, como o time já estava rebaixado a motivação dos jogadores do meu time era pouco, mas a minha era grande pois teria uma oportunidade e o jogo ainda era contra a equipe que eu havia feito teste, o Defensor. Acabei entrando no finalzinho e na primeira vez que toquei na bola fiz o gol. Foi uma alegria imensa ter feito esse gol.

3)E o que aconteceu após esse primeiro ano por lá?

O segundo ano foi um pouco melhor. Jogando na segunda divisão não foi nada fácil mas subimos e eu me sagrei artilheiro da competição com 15 gols. Faço questão de contar essa historia de minha passagem pelo Uruguai porque realmente foi uma grande experiência de vida.

4)Como era a sua situação familiar nessa época?Você teve sempre respaldo da família para a sua carreira?


Minha família é muito humilde. Tive dificuldade financeira também pois tinha que fazer muitas viagens para fazer testes nos clubes e ficava muito triste quando não era aprovado pois sabia da real situação dos meus familiares. Uma das minhas vontades era de engrenar no futebol e dar uma condição melhor pra eles. Eu sempre voltava com uma tristeza enorme no coração porque sabia que eu teria dificuldade se aparecesse outra oportunidade mas sempre tive o apoio da minha família, principalmente da minha mãe, Cida Carvalho, do meu padrasto, Luiz Barros, e de meu tio Gilberto. Inclusive meu tio deixava até os afazeres dele para me levar de carro para São Paulo e outros lugares.

5)Você teve passagens rápidas pelo Andradina e pelo Guararapes. Qual a importância desses dois times na sua carreira?


Pelo Andradina foi meu inicio. Não tinha muito valor na minha própria cidade por ser prata da casa mas agradeço muito ao clube e os torcedores que me apoiaram e me apóiam até hoje. Pelo Guararapes foi rápido. Acho que joguei apenas 2 ou 3 jogos. Fui para lá para me condicionar porque já estava certo para ir para Portugal, jogar no Nacional da Ilha da Madeira.

6)Como foi sua passagem por Portugal?

Passei um bom momento no Nacional e em Portugal. Só voltei de lá por conta de um empresário que me sacaneou, mas não vale a pena citar o nome dele. Foi um clube que me acolheu e um lugar onde tenho saudades e espero que eu tenha deixado saudades também.


7)Após isso você foi para o União Barbarense. Como foi a sua ida para o clube? Nessa época você já contava com outro empresário?


Fui para o Barbarense através de um empresário chamado Fernando César. Ele que me tirou do Uruguai pois o clube não queria me liberar de jeito nenhum. O Fernando, juntamente com uma advogada, solucionou meu caso e acabou trazendo para União Barbarense, onde tive uma passagem muito boa, principalmente na minha segunda passagem pelo clube em 2001 onde me tornei artilheiro da equipe e vice-artilheiro do Campeonato Paulista.


8) Como é a sua relação com empresários? Você acha que eles têm um papel importante no futebol ou hoje a presença deles já extrapolou o limite e está sendo negativa para os jovens que querem iniciar a carreira?


Eu hoje posso dizer que os empresários têm um papel importante sim, mas existe empresário honesto e empresário desonesto. Eu já tive o desprazer de conhecer alguns que, (mas uma vez preferiu não citar nomes), acabaram me atrapalhando em algumas ocasiões. Hoje tenho um empresário, o Alvaro Serdeira, cujo laço de amizade é tão grande que não temos nada assinado, tamanha a nossa confiança um pelo outro. Um dia ele virou para mim e disse: “Fabrício, eu confio em você. Você confia em mim?”. Quando dei a resposta positiva, ele pegou e rasgou o contrato na minha frente, dizendo que então não precisaríamos ter nada assinado pois a palavra vale mais que uma assinatura.

Depois de tudo que passei, hoje tento auxiliar e orientar alguns jovens a não se meter em encrenca. Tem jogadores aqui no Goiás, como o Felipe e o Alexandre, bons valores que tenho certeza que vão dar o que falar, que vêm pedir opinião para mim com relação a isso. Fico até lisonjeado pela confiança desses garotos em mim.

9)Você considera os dois anos no União Barbarense como seu primeiro grande passo na carreira?


Com certeza. Foi uma passagem muito boa. Foi bom como afirmação minha em um clube profissional e foi um salto que eu dei em busca de uma situação melhor para mim e para minha familia.


10)Quem você leva consigo como pessoas importantes nessa sua arrancada para o futebol antes da chegada a Ponte Preta e ao São Caetano que te deram uma visibilidade nacional?

Sempre tive uma base muito sólida extra-campo com apoio incondicional de toda minha família e isso foi de suma importância pra mim. Minha mãe com certeza é uma dessas pessoas. Mulher de coraçã, que sempre me apóia. Até quando jogo mal ela diz que eu joguei bem (risos). Meus irmãos, meu padrasto, que quando minha mãe ficava com medo de me deixar viajar eu ia até ele pra que ele pudesse fazer a cabeça dela e meu tio que citei anteriormente que era quem me levava aos testes. Ale´m da família, todos os treinadores que tive, não citarei nomes para não ser injusto com nenhum, foram marcantes. Com certeza aprendi muito com cada um deles. E por último, todos os clubes que me abriram as portas para que eu mostrasse meu valor e as pessoas envolvidas neles.


11)Na Ponte Preta você realmente explodiu fazendo dois grandes campeonatos. O que favoreceu para esse bom momento?


Vou te ser bem sincero, não foi um clube em que passei meus melhores momentos. Sinto que fiquei devendo e eles também (risos). Mas tenho muito á agradecer a Ponte Preta por ter me dado a oportunidade de eu aparecer nesses dois anos onde fui artilheiro da equipe. Eu penso, particularmente, que apesar da artilharia, eu poderia ter feito um trabalho melhor, mas foi muito bom para minha afirmação e meu surgimento de uma forma mais notória no cenário futebolístico.


12) A Ponte Preta é um time que cria muitos bons jogadores que depois vão para os grandes clubes e se destacam. É um bom clube para se trabalhar?


É um clube revelador de jogadores sem duvida porque eles dão muito valor pra categoria de base. Realmente todo ano surge uma nova promessa e isso já é de praxe por lá. Infelizmente, na época em que eu estive lá a equipe passou por um momento difícil financeiramente e isso acabou influenciando e muito no rendimento da equipe. Mas é um clube excelente que tem uma torcida fantástica e principalmente fanática .


13)Depois da Ponte Preta você já teve sondagens de grandes clubes?


Depois da Ponte tive a oportunidade de ir para um time grande de São Paulo sim, mas não me valorizaram e me trataram com um qualquer. Mais para frente tive a oportunidade de jogar contra eles e inclusive fiz gol em todos os jogos jogamos contra. Depois desses jogos, ouvi da boca do diretor da época desse grande clube que ele tinha errado e agora tinha que pagar caro para me contratar. Coisas típicas do futebol.


14)Por que você escolheu ir para o São Caetano?


Porque foi o único clube que me deu valor. A minha intenção, á principio, não era de ir pra lá, mas depois que tive contato com os dirigentes mudei minha opinião radicalmente pois me trataram super bem. Eu pensei em um valor para pedir a eles e eles me ofereceram bem mais do que eu ia pedir. A única coisa que eles me pediram por esse acordo é que eu conseguisse pelo menos um titulo pois o São Caetano tinha que conseguir naquele ano. Na hora eu pensei comigo: “tenho que fazer algo impactante aqui e fazer jus toda a essa confiança que estão depositando em mim”. Dito e feito. Para honra e gloria do Senhor Jesus nos sagramos Campeões Paulistas de 2004 desbancando grandes equipes favoritas como São Paulo, Santos e outros. Com certeza foi um ano memorável.


15)Você foi artilheiro e campeão no São Caetano e se destacou bastante. Sua passagem pelo São Caetano foi a melhor fase de sua carreira?


Com certeza!!. Ali eu vivi meu melhor momento profissionalmente. Como você mesmo disse fui Campeão Paulista e artilheiro da equipe. Por causa dessa temporada surgiram vários convites, várias especulações de grandes clubes brasileiros e do exterior.


16)Nesse momento, quando você estava no auge de sua carreira, foi constatada a arritmia cardíaca. Como foi o momento em que você ficou sabendo desse problema?


Agora vem a parte ruim! Foi uma situação terrível. Estava no meu melhor momento, onde todo mundo me queria, quando teve esse breque na minha carreira. Quando recebi a noticia de que teria que ficar afastado foi uma bola pra fora pra mim. Depois de tudo que aconteceu no caso Serginho, fiquei muito assustado a priori mas como sou uma pessoa muito temente a DEUS, evangélico, pedi que me desse força pra superar e transpor aquela barreira.


17)O que passa na cabeça quando o médico lhe diz que você não poderá mais atuar? Como foi essa situação para você?


Passa muita coisa ruim na cabeça nessas horas pois apesar de eu ser um evangélico sou ser humano. Foi um momento de lutam e de aprendizado ao mesmo tempo. O que me deixou triste foi ver pessoas denegrindo minha imagem publicamente e eu não podendo fazer nada somente orar e pedir a Deus que nada daquilo pudesse atrapalhar minha profissão.


18)O que foi mais difícil nesse período? A família e os amigos foram importantes nesse momento?

O mais difícil foi ver alguns, que mais uma vez não citarei o nome por questões ética pois ético eu sou com certeza, expondo minha imagem de uma forma errônea. Colocaram minha foto de internação no jornal. Para mim isso é crime!!.


19)Além de ter que enfrentar esse grave problema, no seu caso foi pior, pois a opinião dos médicos divergia. Por que houve essa diferença de opiniões?


É difícil de explicar, mas penso que tenha sido apenas medo mesmo. Medo de assumir uma responsabilidade como essa de liberar um jogador do São Caetano depois de tudo que aconteceu no caso Serginho. Pra mim, somente um milagre de Deus me livraria dessa situação. E somente graças a ele hoje estou de volta ao futebol e muito feliz em estar de volta em meu ambiente de trabalho e podendo testemunhar tudo que Deus fez na minha vida.


20)Qual a sua opinião sobre os cardiologistas do HCor que deram o resultado naquela época e até hoje não deram uma resposta definitiva do que há realmente no seu coração?


Eu poderia agora que estou de volta sair metralhando todo mundo. O que fizeram caberia até processo mas como sou diferente e não sou um cristão materialista e sim viso somente o espiritual para crescimento prefiro só falar de quem realmente me ajudou. Queria apenas dizer que mesmo com tudo que aconteceu, como sou uma pessoa religiosa, eu sem ironia alguma os abençôo.


21)Sabemos que há o laudo do médico Beny Schmidt, da Universidade Federal de São Paulo, que revelou condições para a prática do futebol e a opinião do HCor. Qual a sua situação atual? O que você pensa sobre tudo isso?


Falar sobre o Dr.Benny me deixa emocionado porque ele me tratou como ser humano e deu esse laudo de liberação e inclusive registrou em cartório mostrando toda sua convicção de que eu realmente não tenho nada que me impeça de jogar. Ele se tornou um grande amigo!! No momento da minha liberação saíram lágrimas dos meus olhos tamanha era minha inquietação e ansiedade para que tudo aquilo fosse resolvido. Foi Deus que levou até pessoas como o Dr. Benny e o Dr. Sérgio Rassi, aqui de Goiânia, outro excelente profissional e amigo, para que me liberassem. O laudo do Dr. Benny não estava sendo aceito nos clubes mas juntamente com o laudo do Dr. Sérgio, graças a Deus hoje estou de volta.


22)Você guarda mágoas do São Caetano ou de alguém envolvido em todo esse caso?


Para o São Caetano eu só tenho a agradecer. Saí de lá pela porta da frente, sem ressentimento algum pois eles não tiveram culpa alguma. Foram pressionados, isso sim, mas não tiveram nada a ver. Só tenho a agradecer ao seu Nairo e a todos os dirigentes desse grande clube e tenho torcido para que eles sempre se mantenham em um bom nível porque merecem. É um clube de pessoas honestas”


23)E sua volta ao futebol agora ao Goiás. Qual a sensação de poder jogar novamente depois de tanto tempo?


A melhor possível com certeza. Deus permitiu toda aquela situação e por esse motivo não saio falando mal de ninguém. Só fiquei chateado mesmo com a forma que foi conduzido meu caso. Me atrapalharam e muito, mas já é passado. Só tenho agora é que agradecer por essa nova oportunidade que estou tendo. Vou lhe afirmar algo que depois você pode até me cobrar. Eu vivo de milagres e essa minha volta foi um milagre de Deus. Sei que para chegar a Seleção é só um milagre também porque tem vários jogadores á minha frente de qualidade indiscutível, mas eu vou ser lembrado e serei convocado para Seleção brasileira.

24)Você sonha então com a Seleção Brasileira? É uma meta sua para o futuro?

Eu tenho esse sonho sim. Como lhe falei, tenho que ser consciente que não é nada fácil chegar numa Seleção Brasileira mas vou procurar fazer a minha parte e tenho a convicção de que Deus mais uma vez vai me conceber essa oportunidade.


25)Voltando ao futebol brasileiro, por que escolheu o Goiás?


Depois que saí do São Caetano, o Goiás foi o único clube que me estendeu a mão. Na época, o presidente Raimundo sempre mantinha contato com meu empresário. Ele me pediu ao telefone para vir para o Goiás fazer algumas avaliações e se tudo corresse bem assinaria com o clube. Graças a Deu tudo correu bem e hoje estou aqui muito feliz com a recepção calorosa dos torcedores que até no dia do meu aniversario fizeram uma homenagem para mim. Nunca fui tão bem tratado como fui aqui.


26)O Palmeiras algumas vezes demonstrou interesse em sua contratação? O que houve para isso não se concretizar? Você teve propostas de outros clubes grandes?


Soube do interesse do Palmeiras na época do Leão - sei que ele admira muito meu futebol - . Seria um prazer trabalhar com ele, grande treinador, mas depois de tudo que aconteceu a negociação esfriou e hoje está tudo diferente por lá. O São Paulo também me queria, assim como o Santos mas infelizmente nada deu certo com esses clubes. Mas não lamento. Estou muito feliz aqui no Goiás.


27)Quem você tem como ídolos no futebol? E amigos?


Não uso a palavra ídolo porque o único que eu idolatro é Deus mas tem jogadores que sempre admirei pela conduta dentro e fora de campo. O Raí é um dos jogadores que sempre me espelhei pela sua postura dentro de campo. O Müller pela facilidade em tocar de primeira, procuro fazer isso quando jogo. O Kaká, pelo exemplo que é dentro e fora de campo. E o Mineirinho (Mineiro) que é uma pessoa diferenciada. Eu tenho vários amigos dentro do futebol que são muito especiais que é o caso do Adilson Popó, que esta jogando na Coréia, do Basílio, do Gil, do Marcinho, que está no cruzeiro, do Fabiano Day, do Mineiro entre outros.


28)O que você pretende agora para o restante de sua carreira? Quais são seus objetivos?


Espero conquistar títulos pelo Goiás. Tenho que fazer algo que retribua tudo que eles fizeram e estão fazendo por mim. Depois sim, se for o caso ir para a ir para a Europa.

29)Então você tem como meta jogar no exterior? Isso é prioridade para você?

Eu me casei faz pouco tempo e isso faz a responsabilidade aumentar. Já estou até pensando em filhos, seria uma benção para mim. Por isso tenho vontade sim de poder ir para Europa novamente, jogar em um clube de expressão para rechear meu currículo. Seria de suma importância para minha carreira e sei que , graças ao bom Deus, isso vai se concretizar e não vai demorar não.


Ficha Técnica

Nome: Fabrício Carvalho da Silva
Data de Nascimento: 18.02.1978
Naturalidade: Andradina - SP
Altura: 1m,92cm
Peso: 79kg
Clubes onde atuou: Andradina, Guararapes, Nacional da Ilha da Madeira - Portugal, Villa Espanhola – Uruguai, União Barbarense, Ponte Preta, São Caetano e atualmente no Goiás.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Um exemplo de superação


Reportagem Leonardo Costas

Ser modelo de dedicação, força e vitória tanto no esporte como na vida é hoje um fato comum para o santista Paulo Eduardo Chieffi Aagaard , ou simplesmente o Pauê. Em junho de 2000, quando tinha 18 anos, ele sofreu um acidente por atropelamento em uma linha férrea em São Vicente. Uma locomotiva sem farol transitava em uma linha desativada. Pauê foi surpreendido pelo trem por volta das 20h da noite quando dirigia-se a mais um treino de natação em uma academia próxima de sua casa. O desastre o deixou internado por 58 dias e o fez perder parte das duas pernas.

Em meio a todos os problemas, Pauê aprendeu a viver de novo e resolveu se dedicar cada vez mais ao esporte. Após seis meses de seu acidente, o atleta fez sua primeira travessia aquática de 1500 metros e a partir daí não parou mais. Atualmente, é o único surfista amputado bilateral que se tem notícia no mundo. No Brasil, ele é o único atleta com esse tipo de amputação a disputar provas para portadores de deficiência.

Ser exemplo de dedicação, superação, força e vitória tanto no esporte como na vida é hoje uma realidade constante para Pauê, mas tudo isso não é suficiente para ele. Além de ter se reerguido, o jovem atleta compartilha sua história de vida a fim de ajudar outros a se superarem também. Há mais de um ano, Pauê passou a viajar o País para realizar palestras para empresários brasileiros sobre temas como força de vontade, determinação e, sobretudo, valorização e inclusão dos deficientes na sociedade.Prestes a terminar a faculdade de fisioterapia, Pauê, é hoje um dos principais atletas brasileiros de triatlhon na sua categoria. Apesar de todas as suas responsabilidades, nos seus 26 anos de vida, ele nunca deixou a prancha de surf de lado, pois é no mar que o atleta renova as forças para enfrentar as dificuldades do dia a dia.

A decisão – Depois de se recuperar do acidente, Pauê decidiu que sua vida não havia terminado e passou a se dedicar ao esporte como forma de recuperação e inclusão social. Após apenas alguns meses de seu acidente, ele já iniciava sua carreira no esporte, se superando a cada conquista e motivando outros a fazerem o mesmo.

Triathlon - No triathlon, Pauê iniciou ainda em 2000, seus treinamentos. Sua primeira prova foi em 2002 no Internacional de Triathlon em Santos. De lá pra cá, vem somando títulos:

- Campeão Mundial de Triathlon
2002.
- Pentacampeão do Troféu Brasil de Triathlon 2002, 2003, 2004, 2005, 2006.
- 3° colocado no Pan Americano de Triathlon 2003.
- Campeão da etapa do Internacional de Triathlon – 2006 e 2007.

O surf - O surf é um esporte que Pauê sempre praticou. Após o acidente, usou a modalidade como veículo de inclusão e tornou-se o primeiro e único surfista bi-amputado no mundo em 2000, no mesmo ano que sofreu o acidente. O fato se tornou notícia no mundo em veículos de comunicação diversos.

Atualmente, ele viaja o mundo divulgando o surf adaptado, sendo por diversas vezes convidado por empresas e organizações para representar a imagem dessas companhias em eventos de responsabilidade social e empresarial. Sua imagem como pioneiro na modalidade sem as duas pernas, fez com que estivesse em dois grandes festivais recentes em Portugal, nos anos de 2005 e 2007.

As palestras - Pauê dedica parte de seu tempo proferindo palestras em grandes empresas multinacionais. Suas palestras trazem à tona, conceitos como superação, aceitação, entendimento, trabalho em equipe, liderança, objetivos e metas. Ele procura narrar sua história fazendo uma correlação com o dia a dia das pessoas, fazendo com que cada um consiga refletir sobre temas cotidianos.

sábado, 24 de maio de 2008

XUXA – Uma estrela que brilha no futsal italiano


Reportagem Eduardo Mustafa


A maioria dos jovens sonha em jogar futebol profissionalmente, pensam em entrar em um estádio cheio, os torcedores gritarem seu nome e marcar o gol da vitória contra o maior rival. Alguns até tentam alcançar algo no futebol, realizando testes nos clubes e jogando no time da cidade ou bairro, mas a realidade é diferente, poucos conseguem sobreviver através do futebol. A situação é pior ainda se o garoto mora no interior e ainda tem uma condição financeira desfavorável. Por isso tudo que escrevi acima e outras coisas que ainda vou citar é que posso considerar o nosso personagem um vencedor. Uma pessoa que ainda não venceu a guerra, mas podemos garantir que conquistou muitas batalhas na vida e consequentemente no futebol.

INÍCIO
A sua história começa em Mirandópolis, interior de São Paulo, um garoto com cabelo liso, loiro e um pouco “cheio” tinha o apelido de Xuxa. O seu nome é Marcio Zanchetta Junior, nasceu no dia 5 de abril de 1983. Aos 12 anos começou o interesse pelo futsal, em um campeonato escolar foi destaque por apresentar um futebol de qualidade e diferenciado em relação aos outros atletas de sua idade. Depois de suas primeiras pedaladas nas quadras o primeiro convite apareceu. O treinador do time de Mirandópolis chamou para treinar nas categorias de base da equipe de futsal. “Após eu me destacar pela escola em um interescolar, o treinador Luizinho Pedroso me chamou para representar a cidade. Era o começo de um sonho, onde tenho certeza que abriu a porta para o meu futuro no futsal”, explicou Xuxa.

Durante muitos anos o atleta disputou campeonatos pelo time da cidade, sendo que na maioria se destacava pela facilidade de fazer gols, tornando-se artilheiro dos campeonatos e de todas as categorias por onde jogou. O primeiro torneio importante foi o Campeonato Paulista do Interior, na categoria juvenil, organizado pela Federação Paulista de Futsal, no ano 2000. “Posso garantir que essa primeira experiência foi muito positiva. Consegui fazer muitos gols e ser o vice-artilheiro. Nunca imaginava que seria uns dos destaques do torneio”.

Após um excelente campeonato paulista a primeira transferência apareceu em sua carreira, o atleta foi contratado para jogar na Associação Atlética Botucatuense no ano seguinte (cidade de Botucatu – interior de São Paulo). Para o jogador uma nova experiência de vida, pois era a primeira oportunidade de morar longe dos pais e com toda certeza um desafio na carreira de jogador de futsal. “Essa primeira transferência é muito complicada, nunca tinha saído de casa para morar, apenas para jogar amistosos e torneios. Foi muito difícil, mas minha vontade de vencer no futsal era maior do que tudo e todos” relembra emocionado Junior. O que era esperado aconteceu também nas quadras de Botucatu, muitos gols e destaque nos campeonatos disputados pela equipe. Após dois anos outra transferência, agora para o Esporte Clube Corinthians de Araçatuba. Pelo “Corintinha” (nome no qual o time é conhecido) os resultados foram os mesmos. Muitos gols, títulos, destaque nos torneios e portas que estavam se abrindo.


Enquanto os gols estavam aparecendo em sua carreira, a duvida era a mesma de muitos jogadores de sua idade. Qual seria o futuro profissional? Para Zanchetta a vontade estava acima de tudo e o sonho de vencer no futsal estava cada dia mais concreto. “Eu percebi que as coisas no futsal estavam melhorando. Eu começava a sobreviver financeiramente de jogar bola e com vontade de subir na vida”, comentou Xuxa. Os pais do atleta sempre deram muito apoio em sua carreira de jogador de futsal. Eles sabiam de suas qualidades como pessoa e sua habilidade dentro da quadra. “O Marcio sempre foi uma pessoa de boa índole, nunca nos trouxe problema nenhum e merecia todo o nosso apoio em sua caminhada no futsal profissional”, explicou Márcio Zanchetta, pai do Xuxa.

O destaque no time do Corinthians proporcionou outra proposta para o atleta. O time vencedor de Santa fé do Sul estava atrás do passe do jogador. Após algumas reuniões entre ele e os representantes dos clubes o jovem atleta fechou o contrato com a equipe. “O time de Santa Fé é considerado o melhor do futsal no interior de São Paulo, estava conseguindo chegar ao topo do futsal paulista do interior. O futebol estava proporcionando muitas alegrias dentro e fora do campo”. O atleta foi disputar o Campeonato Paulista do interior Adulto, em 2004 sendo vice-campeão e por um período do campeonato era o artilheiro da competição. Após alguns anos no time do interior paulista, surgiu o interesse de um empresário da cidade de Marilia, o agenciador queria tomar conta da carreira do atleta. “Foi nesse momento que surgiu o interesse por jogar no futsal italiano. Ele apareceu com a proposta de jogar lá e na hora comecei a procurar os papéis necessários para a regularização da minha cidadania”, comentou Xuxa.

Após algumas temporadas pelo interior paulista e a proposta de atuar fora do país começarem a surgir, o atleta fez planos para voltar a jogar pela sua cidade natal. A vontade de morar com seus pais novamente, ficar perto da namorada e ajudar o time de Mirandópolis foi maior do que todos os títulos, o jogador voltou a atuar pela equipe onde tudo começou no futsal e estava bem feliz com seu retorno a origem depois de muitas temporadas fora. “Eu voltei por vários fatores, mas como estava fechando a viagem para a Itália, resolvi que ficaria mais perto da família, amigos e tentaria ajudar de alguma maneira o time de Mirandópolis a voltar a vencer”. Com o retorno à equipe Cam Cai-Cau, a equipe de Mirandópolis conseguiu bons resultados nos campeonatos disputados. Mas o retorno durou pouco, pois a querida cidade do interior estava pequena para o tamanho do seu futebol.

ITÁLIA

Sua trajetória no Brasil estava dando um tempo (pelo menos até o retorno algum tempo depois), sua viagem a Europa estava ficando inevitável. Para a carreira do jogador o futsal italiano seria de grande valor, pois seria oferecido um bom contrato (financeiramente), oportunidade de conhecer outro país e quem sabe atuar em clube conhecido mundialmente. “No começo foi complicado a mudança de país. Eu não sabia falar nada de italiano, o frio era difícil de encarar e estava muito longe de casa. Mas tinha as coisas positivas, como a oportunidade de jogar futsal na Itália, a moradia oferecida pelo clube, à cidade e os novos amigos”, confidenciou o atleta.

O jogador chegou à Itália em 2006, para jogar no Augusta, um time da primeira divisão do futsal italiano. A cidade com 30 mil habitantes ajudou muito na adaptação do atleta no país, que ainda dividia o apartamento com três amigos brasileiros que também atuava pelo clube. A primeira temporada foi muito satisfatória dentro e fora da quadra. O time ficou em sexto lugar no campeonato italiano, com 12 vitórias, sete derrotas e cinco empates. Um bom começo para quem surgiu na quadra de uma pequena cidade do interior. “O primeiro ano é sempre mais complicado, mas o time tinha uma grande estrutura, isso me ajudou muito fora da quadra. Foi muito bom a mudança para a Itália, o sonho estava sendo realizado também no futebol internacional. Consegui fazer bons jogos em Milão, Roma e outras cidades que sonhei em jogar um dia”.

O bom começo no futsal italiano iria render bons frutos financeiramente e profissionalmente. O atleta estava animado em seguir carreira no futsal europeu. Após alguns meses de férias no Brasil, o atleta se apresentou ao seu clube (Augusta) para sua segunda temporada. Mas depois de três meses o clube decidiu emprestar ao Pro Scicli, um time da Série A2 (Segunda divisão). Segundo Zanchetta Junior, o empréstimo foi muito bom para o seu futebol, pois nesse novo clube as oportunidades de atuar como titular seriam maiores. Os dirigentes não ficaram arrependidos com a nova contratação. Os resultados foram os melhores possíveis. Eles obtiveram 16 vitórias, três derrotas e quatro empates.

Com esse resultado o time se consagrou campeão da série A2 e conseguiu o acesso para a primeira divisão do futsal italiano. “Na segunda temporada eu fiquei receoso de ir para um time da segunda divisão, mas também confiava no meu futebol e sabia que iria deixar uma boa impressão da minha habilidade dentro da quadra. Conseguimos o objetivo dos dirigentes (acesso para a 1 divisão) e dentro de quadra meu futebol estava crescendo cada dia mais”, explicou Xuxa.

A sua adaptação no futsal italiano estava completa depois da sua segunda temporada. Ele já conhecia o estilo de jogo do país, ambientado com o idioma local e feito muitos amigos. No futsal italiano a porcentagem de brasileiros praticando o esporte profissionalmente e de quase 70% em todo o país. As coisas estavam acontecendo conforme o previsto pelo atleta e toda a sua família. Após o termino da segunda temporada, outro retorno de férias para o Brasil, mais três meses matando a saudade dos pais, amigos, namorada e como não do seu país. “Eu fico nove meses na Itália e apenas três no Brasil, nesse curto período eu aproveito muito bem todas as coisas possíveis. É muito importante matar a saudade para voltar com a bateria recarregada para uma nova temporada”, confidenciou Xuxa.

No segundo semestre de 2007 o retorno para a terceira temporada estava confirmado, apesar do bom desempenho no Pro Scicli, o jogador conseguiu um melhor contrato e fechou com o Modugno Cálcio A5, também da série A2 (segunda divisão). O clube ofereceu bons valores contratuais e o atleta ficou animado com as propostas oferecidas pelo time. “A qualidade do futsal dentro da quadra está bem parecida com o futsal brasileiro, já quanto à organização os italianos são muito melhores estruturados e muito mais organizados em tudo”. Para esta nova empreitado no futsal italiano a esperança é a mesma de sempre para Xuxa, o atleta pensa em se esforçar para melhorar seu futebol dentro da quadra e com isso conseguir a titularidade, confiança de jogadores e comissão técnica. “A cada temporada que eu chego aqui meu ánimo é maior. Eu penso em jogar pelo menos mais cinco anos, para garantir uma vida de melhor qualidade lá no Brasil. Com boas apresentações dentro da quadra vou conseguir subir cada vez mais e ainda penso em defender a seleção italiana de futsal, que já tem representantes brasileiros”, finalizou Zanchetta.

Uma frase que é dita diariamente pelos jogadores de futebol também faz parte do discurso do jovem atleta: Vamos continuar trabalhando para conseguir bons resultados. Essa é a filosofia seguida pelo garoto que começou a jogar bola aos 12 anos por brincadeira na escola e que atualmente sobrevive praticando futsal na Italía.

NOME: Marcio Zanchetta Junior

IDADE: 24

ALTURA: 1.75

PESO: 64 KG

COMIDA: Lasanha e rabada

MÚSICA: Samba e pagode

IDOLO NO FUTEBOL: Ronaldo (fenômeno)

TIME DO CORAÇÃO: Palmeiras

TÍTULOS: 3 Jogos Regionais, Italiano da Série A2, Copa TV TEM e Campeonato Jogos da Juventude

CLUBES: Cam Cai-Cau, AAB Associação Atlética Botucatuense, ECCA Esporte Clube Corinthians Araçatuba, Santa Fé Futsal, Augusta Itália, Pro Scicli Itália e Modugno Cálcio A5GOLS: Não faço idéia

Para fazer história em Pequim


Reportagem Cesar Candido dos Santos


O brasileiro Juraci Moreira está prestes a entrar para um seleto grupo de nove triatletas que disputarão três olimpíadas consecutivas. Nessa entrevista, ele fala sobre suas perspectivas para os Jogos da China


Medalha de bronze no Pan-americano do Rio de Janeiro e pentacampeão brasileiro de triatlhon, o paranaense Juraci Moreira é uma das esperanças do Brasil em Pequim. Ele pode entrar para um seleto grupo de apenas nove triatletas em todo o mundo que irão participar de três olimpíadas consecutivas desde que a modalidade passou a ser disputada em Sidney, no ano de 2000.

Uma lesão na panturrilha no início desse ano atrapalhou os planos do brasileiro, que ainda não garantiu sua vaga para os Jogos da China, mas deve confirma-lá na etapa da Espanha da Copa do Mundo de Triatlhon, que será disputada no próximo dia 21 de maio.

Em uma entrevista exclusiva, o atleta conta quais são as suas perspectivas para as Olímpiadas, fala sobre a possibilidade de atingir uma marca tão importante na carreira e não esconde a vontade de querer “carimbar” logo seu passaporte para Pequim.

César Candido dos Santos: Como despertou seu interesse pelo triatlhon?
Juraci Moreira: Comecei a fazer natação com 9 anos. No local que eu nadava, haviam alguns atletas que treinavam triatlhon, e me interessei pelo esporte. Aos 13, disputei uma prova de duatlhon, fui muito bem e comecei a gostar da coisa. No ano seguinte, participei do meu primeiro Troféu Brasil de Triatlhon, escondido do meu treinador, e nunca mais parei de competir.

CCS: Já dá para garantir a vaga em Pequim na Copa do Mundo da Espanha?
JM: O meu principal objetivo é esse. Gosto muito da prova na Espanha, porque lá não é tão frio. Como faltam apenas duas etapas para fechar o ranking olímpico, dá para se ter uma idéia do que vai acontecer. O meu principal adversário é o húngaro Csaba Kuttor, e ele tem que fazer 90 pontos a mais para tomar minha vaga. Se não estiver tão bem na Espanha, mudo meu objetivo e passo a marcá-lo.

CCS: O fato de poder se tornar um dos nove atletas do mundo a disputar todas as provas olímpicas do triatlhon é uma motivação extra?
JM: Com certeza. Gosto muito desses números porque isso incentiva. O triatlhon está cada dia mais competitivo e poucos irão conseguir disputar três olimpíadas seguidas, por isso, é uma marca histórica. Quero tentar ir para a quarta olimpíada, é algo possível pela minha idade, mas vai depender muito da disposição nos treinamentos até lá.

CCS: Você chegou a pensar que não iria para Pequim quando sofreu a lesão na panturrilha?
JM: Na verdade, até o Pan-americano do México (disputado em 19 de abril), estava com medo, porque nada tem sido fácil para mim. Tive uma lesão séria no começo do ano, mas nunca desisti, e consegui alcançar meu objetivo, que era não chegar às últimas provas pressionado. Antes, só conseguia dormir quatro horas, agora já durmo oito, mas só vou ficar tranqüilo mesmo quando garantir minha vaga.

CCS: Quais são suas chances de conseguir uma medalha nas Olimpíadas?
JM: Vou treinar para isso. Farei um trabalho na França com o Francês Benjamin Sansson, que é especialista em natação e corrida. Sei que preciso chegar bem na corrida para ter chances de brigar por uma medalha, e tenho condições para isso.

CCS: Após conquistar a medalha de bronze no Pan do Rio, você declarou que poderia ter obtido um resultado melhor se o Brasil fizesse um trabalho de equipe. Esta tática deve ser a adotada pelos brasileiros em Pequim? Ou nas olimpíadas é cada um por si?
JM: Olimpíada é pior. Não existe uma tática. O próprio sistema de classificação não permite um jogo de equipe. Do Brasil, só vai eu e o Reinaldo (Colucci), e ele será meu adversário direto. É claro que ele não vai fazer nada para me atrapalhar, mas não existe essa de ajuda. Seremos concorrentes.

Atleta brasileiro se destaca no triathlon mundial

Reportagem Valéria Barbarotto
Natação, pedal e corrida: Toni dedica quatro horas diárias ao treinamento intensivo exigido pelo triathlon para alcançar marcas obtidas por profissionais

Antonio Ferreira da Silva Neto, 29 anos, mais conhecido como Toni Ferreira, nasceu e cresceu em Mogi das Cruzes, região do Alto Tietê. Triatleta desde 1997, o mogiano sempre esteve próximo das práticas esportivas desde sua infância.

A paixão pelo esporte fez com que, em 1996, o atleta ingressasse na faculdade de Educação Física em Mogi das Cruzes, onde se formou no final de 2000. Dando sequência aos estudos, Toni começou, em 2001, a Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício pela Escola Paulista de Medicina. Nesse momento, o triatleta já colecionava algumas medalhas e troféus conquistados em competições nacionais e internacionais.

Toni Ferreira decidiu utilizar, então, todas as suas competições realizadas dentro do Brasil para adquirir resistência e se dedicar ao IronMan, considerada a prova de triatlhon mais difícil do mundo. Em sua primeira participação em uma prova deste porte, o Ironman Brasil, em maio de 2002, o atleta conquistou a 2ª colocação em sua categoria (24 – 29 anos) e, mais tarde, em outubro do mesmo ano, sagrou-se vice-campeão do Mundo, no IronMan do Havaí. Em 2003, se dedicou ainda mais aos treinos e venceu o IronMan Brasil e se tornou o melhor colocado brasileiro no Havaí, em outubro daquele ano.

Além do excelente desempenho obtido nas provas de longa distância, Toni decidiu se dedicar, também, às provas mais rápidas. Nos anos de 2004 e 2005, sagrou-se bi-campeão do Triathlon Internacional de Santos e tetra-campeão do Troféu Brasil de Triathlon, em 2001, 2004, 2005 e 2006.

Atualmente, o triatleta se prepara para realizar mais uma prova de IronMan, em Florianópolis, cujo objetivo é alcançar o índice para o Mundial, que ocorre em outubro deste ano, no Havaí.

Ficha Técnica
Nome: Antonio Ferreira da Silva Neto
Apelido: Toni Ferreira
Idade: 29 anos
Altura: 1,77 m
Peso: 73 kg
Modalidade: Triathlon
Categoria: Elite-Amador (24 – 29 anos)
Competição Favorita: IronMan
Pontos Fortes: Disciplina e resistência