sábado, 24 de maio de 2008

XUXA – Uma estrela que brilha no futsal italiano


Reportagem Eduardo Mustafa


A maioria dos jovens sonha em jogar futebol profissionalmente, pensam em entrar em um estádio cheio, os torcedores gritarem seu nome e marcar o gol da vitória contra o maior rival. Alguns até tentam alcançar algo no futebol, realizando testes nos clubes e jogando no time da cidade ou bairro, mas a realidade é diferente, poucos conseguem sobreviver através do futebol. A situação é pior ainda se o garoto mora no interior e ainda tem uma condição financeira desfavorável. Por isso tudo que escrevi acima e outras coisas que ainda vou citar é que posso considerar o nosso personagem um vencedor. Uma pessoa que ainda não venceu a guerra, mas podemos garantir que conquistou muitas batalhas na vida e consequentemente no futebol.

INÍCIO
A sua história começa em Mirandópolis, interior de São Paulo, um garoto com cabelo liso, loiro e um pouco “cheio” tinha o apelido de Xuxa. O seu nome é Marcio Zanchetta Junior, nasceu no dia 5 de abril de 1983. Aos 12 anos começou o interesse pelo futsal, em um campeonato escolar foi destaque por apresentar um futebol de qualidade e diferenciado em relação aos outros atletas de sua idade. Depois de suas primeiras pedaladas nas quadras o primeiro convite apareceu. O treinador do time de Mirandópolis chamou para treinar nas categorias de base da equipe de futsal. “Após eu me destacar pela escola em um interescolar, o treinador Luizinho Pedroso me chamou para representar a cidade. Era o começo de um sonho, onde tenho certeza que abriu a porta para o meu futuro no futsal”, explicou Xuxa.

Durante muitos anos o atleta disputou campeonatos pelo time da cidade, sendo que na maioria se destacava pela facilidade de fazer gols, tornando-se artilheiro dos campeonatos e de todas as categorias por onde jogou. O primeiro torneio importante foi o Campeonato Paulista do Interior, na categoria juvenil, organizado pela Federação Paulista de Futsal, no ano 2000. “Posso garantir que essa primeira experiência foi muito positiva. Consegui fazer muitos gols e ser o vice-artilheiro. Nunca imaginava que seria uns dos destaques do torneio”.

Após um excelente campeonato paulista a primeira transferência apareceu em sua carreira, o atleta foi contratado para jogar na Associação Atlética Botucatuense no ano seguinte (cidade de Botucatu – interior de São Paulo). Para o jogador uma nova experiência de vida, pois era a primeira oportunidade de morar longe dos pais e com toda certeza um desafio na carreira de jogador de futsal. “Essa primeira transferência é muito complicada, nunca tinha saído de casa para morar, apenas para jogar amistosos e torneios. Foi muito difícil, mas minha vontade de vencer no futsal era maior do que tudo e todos” relembra emocionado Junior. O que era esperado aconteceu também nas quadras de Botucatu, muitos gols e destaque nos campeonatos disputados pela equipe. Após dois anos outra transferência, agora para o Esporte Clube Corinthians de Araçatuba. Pelo “Corintinha” (nome no qual o time é conhecido) os resultados foram os mesmos. Muitos gols, títulos, destaque nos torneios e portas que estavam se abrindo.


Enquanto os gols estavam aparecendo em sua carreira, a duvida era a mesma de muitos jogadores de sua idade. Qual seria o futuro profissional? Para Zanchetta a vontade estava acima de tudo e o sonho de vencer no futsal estava cada dia mais concreto. “Eu percebi que as coisas no futsal estavam melhorando. Eu começava a sobreviver financeiramente de jogar bola e com vontade de subir na vida”, comentou Xuxa. Os pais do atleta sempre deram muito apoio em sua carreira de jogador de futsal. Eles sabiam de suas qualidades como pessoa e sua habilidade dentro da quadra. “O Marcio sempre foi uma pessoa de boa índole, nunca nos trouxe problema nenhum e merecia todo o nosso apoio em sua caminhada no futsal profissional”, explicou Márcio Zanchetta, pai do Xuxa.

O destaque no time do Corinthians proporcionou outra proposta para o atleta. O time vencedor de Santa fé do Sul estava atrás do passe do jogador. Após algumas reuniões entre ele e os representantes dos clubes o jovem atleta fechou o contrato com a equipe. “O time de Santa Fé é considerado o melhor do futsal no interior de São Paulo, estava conseguindo chegar ao topo do futsal paulista do interior. O futebol estava proporcionando muitas alegrias dentro e fora do campo”. O atleta foi disputar o Campeonato Paulista do interior Adulto, em 2004 sendo vice-campeão e por um período do campeonato era o artilheiro da competição. Após alguns anos no time do interior paulista, surgiu o interesse de um empresário da cidade de Marilia, o agenciador queria tomar conta da carreira do atleta. “Foi nesse momento que surgiu o interesse por jogar no futsal italiano. Ele apareceu com a proposta de jogar lá e na hora comecei a procurar os papéis necessários para a regularização da minha cidadania”, comentou Xuxa.

Após algumas temporadas pelo interior paulista e a proposta de atuar fora do país começarem a surgir, o atleta fez planos para voltar a jogar pela sua cidade natal. A vontade de morar com seus pais novamente, ficar perto da namorada e ajudar o time de Mirandópolis foi maior do que todos os títulos, o jogador voltou a atuar pela equipe onde tudo começou no futsal e estava bem feliz com seu retorno a origem depois de muitas temporadas fora. “Eu voltei por vários fatores, mas como estava fechando a viagem para a Itália, resolvi que ficaria mais perto da família, amigos e tentaria ajudar de alguma maneira o time de Mirandópolis a voltar a vencer”. Com o retorno à equipe Cam Cai-Cau, a equipe de Mirandópolis conseguiu bons resultados nos campeonatos disputados. Mas o retorno durou pouco, pois a querida cidade do interior estava pequena para o tamanho do seu futebol.

ITÁLIA

Sua trajetória no Brasil estava dando um tempo (pelo menos até o retorno algum tempo depois), sua viagem a Europa estava ficando inevitável. Para a carreira do jogador o futsal italiano seria de grande valor, pois seria oferecido um bom contrato (financeiramente), oportunidade de conhecer outro país e quem sabe atuar em clube conhecido mundialmente. “No começo foi complicado a mudança de país. Eu não sabia falar nada de italiano, o frio era difícil de encarar e estava muito longe de casa. Mas tinha as coisas positivas, como a oportunidade de jogar futsal na Itália, a moradia oferecida pelo clube, à cidade e os novos amigos”, confidenciou o atleta.

O jogador chegou à Itália em 2006, para jogar no Augusta, um time da primeira divisão do futsal italiano. A cidade com 30 mil habitantes ajudou muito na adaptação do atleta no país, que ainda dividia o apartamento com três amigos brasileiros que também atuava pelo clube. A primeira temporada foi muito satisfatória dentro e fora da quadra. O time ficou em sexto lugar no campeonato italiano, com 12 vitórias, sete derrotas e cinco empates. Um bom começo para quem surgiu na quadra de uma pequena cidade do interior. “O primeiro ano é sempre mais complicado, mas o time tinha uma grande estrutura, isso me ajudou muito fora da quadra. Foi muito bom a mudança para a Itália, o sonho estava sendo realizado também no futebol internacional. Consegui fazer bons jogos em Milão, Roma e outras cidades que sonhei em jogar um dia”.

O bom começo no futsal italiano iria render bons frutos financeiramente e profissionalmente. O atleta estava animado em seguir carreira no futsal europeu. Após alguns meses de férias no Brasil, o atleta se apresentou ao seu clube (Augusta) para sua segunda temporada. Mas depois de três meses o clube decidiu emprestar ao Pro Scicli, um time da Série A2 (Segunda divisão). Segundo Zanchetta Junior, o empréstimo foi muito bom para o seu futebol, pois nesse novo clube as oportunidades de atuar como titular seriam maiores. Os dirigentes não ficaram arrependidos com a nova contratação. Os resultados foram os melhores possíveis. Eles obtiveram 16 vitórias, três derrotas e quatro empates.

Com esse resultado o time se consagrou campeão da série A2 e conseguiu o acesso para a primeira divisão do futsal italiano. “Na segunda temporada eu fiquei receoso de ir para um time da segunda divisão, mas também confiava no meu futebol e sabia que iria deixar uma boa impressão da minha habilidade dentro da quadra. Conseguimos o objetivo dos dirigentes (acesso para a 1 divisão) e dentro de quadra meu futebol estava crescendo cada dia mais”, explicou Xuxa.

A sua adaptação no futsal italiano estava completa depois da sua segunda temporada. Ele já conhecia o estilo de jogo do país, ambientado com o idioma local e feito muitos amigos. No futsal italiano a porcentagem de brasileiros praticando o esporte profissionalmente e de quase 70% em todo o país. As coisas estavam acontecendo conforme o previsto pelo atleta e toda a sua família. Após o termino da segunda temporada, outro retorno de férias para o Brasil, mais três meses matando a saudade dos pais, amigos, namorada e como não do seu país. “Eu fico nove meses na Itália e apenas três no Brasil, nesse curto período eu aproveito muito bem todas as coisas possíveis. É muito importante matar a saudade para voltar com a bateria recarregada para uma nova temporada”, confidenciou Xuxa.

No segundo semestre de 2007 o retorno para a terceira temporada estava confirmado, apesar do bom desempenho no Pro Scicli, o jogador conseguiu um melhor contrato e fechou com o Modugno Cálcio A5, também da série A2 (segunda divisão). O clube ofereceu bons valores contratuais e o atleta ficou animado com as propostas oferecidas pelo time. “A qualidade do futsal dentro da quadra está bem parecida com o futsal brasileiro, já quanto à organização os italianos são muito melhores estruturados e muito mais organizados em tudo”. Para esta nova empreitado no futsal italiano a esperança é a mesma de sempre para Xuxa, o atleta pensa em se esforçar para melhorar seu futebol dentro da quadra e com isso conseguir a titularidade, confiança de jogadores e comissão técnica. “A cada temporada que eu chego aqui meu ánimo é maior. Eu penso em jogar pelo menos mais cinco anos, para garantir uma vida de melhor qualidade lá no Brasil. Com boas apresentações dentro da quadra vou conseguir subir cada vez mais e ainda penso em defender a seleção italiana de futsal, que já tem representantes brasileiros”, finalizou Zanchetta.

Uma frase que é dita diariamente pelos jogadores de futebol também faz parte do discurso do jovem atleta: Vamos continuar trabalhando para conseguir bons resultados. Essa é a filosofia seguida pelo garoto que começou a jogar bola aos 12 anos por brincadeira na escola e que atualmente sobrevive praticando futsal na Italía.

NOME: Marcio Zanchetta Junior

IDADE: 24

ALTURA: 1.75

PESO: 64 KG

COMIDA: Lasanha e rabada

MÚSICA: Samba e pagode

IDOLO NO FUTEBOL: Ronaldo (fenômeno)

TIME DO CORAÇÃO: Palmeiras

TÍTULOS: 3 Jogos Regionais, Italiano da Série A2, Copa TV TEM e Campeonato Jogos da Juventude

CLUBES: Cam Cai-Cau, AAB Associação Atlética Botucatuense, ECCA Esporte Clube Corinthians Araçatuba, Santa Fé Futsal, Augusta Itália, Pro Scicli Itália e Modugno Cálcio A5GOLS: Não faço idéia

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